PRISON BREAK

 

 83 melhor ideia de Prison Break | prison break, michael scofield, filmes

(2005 - 2017) - 5 Temporadas

Há séries que nos apresentam personagens tão fortes que os atores que as desempenham acabam por ficar com a marca do "papel da carreira" que dificilmente será superado. Isso acontece com Prison Break, mais especificamente com Wentworth Miller, que tão bem dá vida a Michael Scofield.

A trama centra-se em dois irmãos, Lincoln Burrows, um homem que foi sentenciado à morte por alegadamente ter assassinado o irmão da vice-presidente dos EUA, e Michael Scofield, um engenheiro civil que cria um plano para resgatar o irmão da prisão antes que seja executado. O plano de fuga de Scofield é perspicaz e meticuloso, mas o seu "suporte" é algo incrível e, claro, muito bad ass. Tatuar o plano de fuga por todo o corpo e ninguém sequer perceber, assim como todo o processo de recrutamento de todos os que serão necessários para levar a cabo esse plano de fuga é um dos pontos fortes da série. No entanto, engane-se quem pensa que a série se limita a este arco narrativo, aos poucos percebemos que a condenação de Burrows está envolta numa grande conspiração que envolve tanto a vice-presidente dos EUA como várias empresas multinacionais.

É quase inevitável a comparação com uma das recentes reviews que aqui publiquei destes dois irmãos com os irmãos Winchester, de Supernatural. Não será, porventura, totalmente justa esta comparação pois os quatro personagens têm traços bastantes distintos, mas é interessante ver algumas semelhanças no binómio "irmão mais novo - irmão mais velho". Apesar de não chegar a haver a química que é inegável nos irmãos Winchester, é também muito interessante ver a dinâmica entre estes dois irmãos.

A série teve um hiato temporal de quase 10 anos (entre 2008 e 2017) tendo regressado em em 2017 para uma última temporada. Apesar de muitos aguardarem com expetativa o regresso da série, esta acabou por ser muito contestada. Pessoalmente não desgostei da temporada e do final que lhe imprimiram, mas tenho de acabar por concordar que o ressurgimento de uma série depois de um hiato temporal tão significativo merecia uma nova abordagem, afinal o público é diferente e mesmo o público fiel também acabou por seguir dinâmicas diferentes. Independentemente disso esta é definitivamente uma "série de culto", pelo que para quem ainda não viu tenho a certeza de que não se irá arrepender.

Classificação (8,9):
 
Argumento - 9
Cinematografia - 8
Representação - 9
Caraterização -9,5
Banda Sonora -9

 

 


TRUE DETECTIVE

  True Detective (season 1) - Wikipedia

 

(2014 - 2019) - 3 Temporadas

True Detective será, porventura, das séries mais difíceis de analisar conjuntamente dado tratar-se de uma série de antologia, em que de uma temporada para outra praticamente tudo muda (argumento, elenco, realizador, etc.) mantendo-se apenas a mesma temática. Mas, como tem sido premissa deste blog as análises às séries como um todo (até ao momento da publicação), então manterei esse espírito.

O género policial/investigação é um género de que gosto particularmente, mas é justo dizer que True Detective joga numa liga completamente distinta das restantes séries do mesmo género. É tão complexo que nem sequer é fácil descrever por palavras. Primeiro que tudo, talvez, por contrariar o protótipo de muitas (não todas) séries do género, com mais ação ou, quanto muito, com um ritmo narrativo mais acelerado. Esse não é propriamente o estilo de True Detective, que pelo contrário se preocupa mais na densificação da trama e, acima de tudo dos próprios personagens.

Os nomes que já passaram pela série são muitos e bem conhecidos, como  Matthew McConaughey, Woody Harrelson, Collin Farrel, Mahershala Ali, entre outros, todos com prestações incrivelmente notáveis, pese embora uns se tenham destacado mais que outros. A crítica é quase unânime em admitir a grandiosidade da primeira temporada, que na segunda teve uma significativa quebra voltando a ganhar força nesta terceira temporada. Tendo a concordar com essa visão, de facto talvez tenha sido o argumento e as personagens da segunda temporada que não convenceram, pese embora se tenha tentado manter a mesma ambiência. Ficou a faltar qualquer coisa, talvez um certo ambiente catastrófico e desolador que ao mesmo tempo nos cativa e nos intriga, mantendo sempre a densidade da narrativa e dos personagens e das suas questões metafísicas da condição humana. Outro fator que talvez tenha também influenciado foi a exploração de vários arcos temporais, que torna sempre interessante ver a evolução física do personagem e que Mahershala Ali desempenhou brilhantemente. 

Não tenho estado propriamente muito atento mas parece que se fala já numa quarta temporada. Vamos esperar que mantenha esta dinâmica recuperada nesta terceira temporada. Se ainda não viste, estás à espera do quê?


Classificação (9,4):
 
Argumento - 9
Cinematografia - 9,5
Representação - 10
Caraterização -9,5
Banda Sonora -9

 

SUPERNATURAL

  A Série Supernatural | Wiki | Fatos Sobrenaturais™ Amino

 (2005 - 2020) - 15 Temporadas

Não é fácil escrever sobre Supernatural com objetividade. Agora que faço uma análise retrospetiva acho que foi com Supernatural que tudo isto começou, refiro-me a esta paixão pelo universo das séries, pelo que como será de calcular esta é uma série que me é muito querida. E não só por isso claro, por abordar um universo de que gosto e que me interessa e por despertar valores com os quais me identifico, valores que por vezes gostava de ver materializados na minha própria realidade.

Com 15 temporadas e mais de 300 episódios (sim, 327 episódios) Supernatural transporta-nos para um mundo para o qual é fácil deixarmo-nos levar, apesar de sabermos à partida não ser real. Com elementos de fantástico, terror, drama, ação e, claro, sobrenatural, acompanhamos a viagem dos dois irmãos Dean e Sam Winchester que, seguindo as pisadas do pai, percorrem a América no seu Chevrolet para combater todo o tipo de monstros que assolam o país, como fantasmas, demónios, deuses, entre outros. A química que se gera entre estes dois irmãos, que como todas as relações terá os seus altos e baixos, torna difícil não ficarmos a torcer para que tudo corra bem e que o bem triunfe sempre sobre o mal (por muito cliché que pareça esta série exterioriza bem isso).

Comecei a ver a série quando ia na 2ª temporada, rapidamente pus os episódios em dia, mas confesso que, como muitos fãs da série, não cheguei sequer à 10º temporada. Como já escrevi em posts anteriores, os ritmos de visualização, os timmings, o número de episódios e a sua duração mudaram completamente no público do início dos anos 2000 para o público da segunda década deste século. Ninguém concebe já temporadas de 20 episódios (há pessoas que nem sabem o que isso é...) Isto, no entanto, não retira qualquer mérito à série, por muito bom que um formato seja ao longo do tempo vai-se notando sempre um desgaste nos espetadores, para além de que partilho da opinião de que a série deveria ter terminado na 5ª temporada (Aquele último episódio ficará para a história, sem dúvida). Não obstante isto, quando soube do anúncio do final da série fiz um esforço e voltei a pegar na série para a concluir. Não me vou alongar muito sobre o final da série, dizer apenas que também não me agradou totalmente, mas o elemento emoção nestes casos sobrepõe-se e foi de facto muito emotivo o encontro dos irmãos Winchester no céu. Como disse, dificilmente veremos uma química entre dois personagens como vimos com estes dois irmãos.

A densidade de Supernatural vai muito além daquilo que aparenta, ressaltando valores de pura fraternidade, lealdade, amizade, que infelizmente hoje em dia são tão raros que nos quase nos distanciam mais da série do que os seus elementos de sobrenatural. Não poderia também deixar de referir a magnífica banda sonora, que nos remete para aquela América profunda, especialmente a música do genérico ("Carry On Wayward Son"), que tanto significado teve no último episódio e que jamais me sairá da cabeça.Teve o seu tempo, e bem merecido, mas sem dúvida que vai deixar saudades.


Classificação (9,5):
 
Argumento - 10
Cinematografia - 9
Representação - 9,5
Caraterização -9
Banda Sonora -10

 


FRINGE

 Fringe: Foto - 162 no 513 - AdoroCinema

(2008 - 2013) -  5 Temporadas

Sempre que me pedem recomendação de uma boa série de ficção científica não posso deixar de recomendar Fringe. Este é definitivamente um dos meus géneros preferidos e esta série ocupa um lugar especial no meu coração.

Não deixa de ser incrível como uma série que à partida parece ter uma premissa bastante simples acaba por abordar, e bem, temas tão complexos. A série gira em torno da agente especial do FBI Olivia Dunham (Anna Torv) que é transferida para a Divisão de Fringe onde passa a investigar crimes e ocorrência fora do comum. Para tal necessitará da ajuda do Dr. Walter Bishop, entretanto internado numa instituição psiquiátrica, pelo que acaba por necessitar da ajuda de Peter Bishop, seu filho e "tutor", com quem a relação não é a melhor. Pelo meio são abordados inúmeros temas com uma qualidade que raramente tem sido vista em série posteriores, como telecinese, inteligência artificial, teletransporte, nanotecnologia, entre muitos outros. Anna Torv tem uma profundidade e um mistério na sua atuação que nos cativa a cada instante, e o que dizer de John Noble, que brilhantemente interpreta Walter Bishop, uma personagem que certamente ficará na história das séries televisivas.

J.J. Abrams vai de facto basear-se em vários elementos de Ficheiros Secretos, mas eleva a fasquia de uma forma que nos transporta com muita facilidade para a narrativa, não cria aquela distância que nas séries sci-fi vem muitas vezes acompanhadas do fascínio. Não, tudo parece ser plausível e real. Abrams, contrariamente ao que aconteceu em Lost segundo a opinião de muitos fãs, consegue aqui nesta série dar um final digno e fechar todos as pontas soltas. Acredito que não vão querer perder esta série!!


Classificação (9,3):
 
Argumento - 10
Cinematografia - 9
Representação - 9,5
Caraterização -9
Banda Sonora -9

LOST / PERDIDOS

 Cinerama: LOST, Análise Completa Da Série - UniversoNerd.Net

 

(2004 - 2010) - 6 Temporadas

Uma análise distanciada de um visionamento distanciado.

Explicando um pouco este subtítulo, com Lost inauguro um conjunto de reviews a séries que já vi há algum tempo, mas sobre as quais quero muito escrever. Esta review já vem com alguns anos de atraso depois do visionamento da série que, por sua vez, já foi foi vista uns tempos depois do final oficial da série. Este aspeto penso que contribui muito para a visão que tenho da série, diferentemente de quem assistiu em tempo real.

Lost dispensa quaisquer apresentações, não só porque será sempre redutor tentar sumariar todo o conteúdo desta magnífica série, como porque mesmo quem não viu sabe pelo menos que a premissa inicial se centra naquele grupo de sobreviventes que, após um acidente aéreo, ficam presos numa ilha cheia de mistérios, que os criadores Jeffrey Lieber, Damon Lindelof e J.J. Abrams nos levam a conhecer ao longo de 6 temporadas. Será justo dizer que Lost foi a primeira série a ter um impacto gigante junto dos público mainstream, levando a coisas que hoje são perfeitamente normais para as séries de maior audiência, como a criação da sua própria "wikipédia" com todas as informações sobre a série, a grupos de discussão dos episódios em tempo real. Lembro-me de na altura ter lido algures, e mais não explorei quanto a isto, que o argumento de Lost tinha no seu intertexto mais de 500 obras literárias. Não me surpreenderia se fosse verdade.

Como mencionei acima, vi Lost cerca de 2 anos depois de já ter terminado e penso que isso acaba por influenciar a minha visão da série e conseguir apreciar certos aspetos e aceitar certas coisas que, compreensivelmente, quem assistiu me tempo real terá vivido com outra intensidade e por ventura terá mexido mais consigo. Não que soubesse propriamente o que ia acontecer, sabia apenas que o final não iria ser de todo consensual. Aliás, estava preparado para que fosse, e penso que isso jogou a favor da minha avaliação da série. 

É-me difícil fazer rankings e escolher séries, mas se de facto me obrigassem a fazê-lo Lost estaria certamente no top 5. Há qualquer coisa de investigadores sociais em nós que nos faz querer observar com atenção o instituo de sobrevivência deste grupo de sobreviventes, mas, verdade seja dita, que todos os personagens estão incrivelmente bem construídos, deixando-nos a torcer por cada um deles. Será sempre discutível se a certa altura a confusão da trama acabou por levar ao declínio da série, coisa que não acompanho, mas uma coisa Lost provou que se provou que com consistência se consegue fazer uma boa série que vive muito de flashbacks e flashforwards.

Não consigo não recomendar esta série, que já me fez muitas vezes querer voltar a assistir, e que ainda só não o fiz porque continua a haver imensas em lista de espera para serem vistas.

Vejam a série, mas vejam-na sem preconceitos e deixem-se verdadeiramente transportar para o seu maravilhoso universo. Não se irão arrepender!


Classificação (9,6):
 
Argumento - 9,5
Cinematografia - 9,5
Representação - 9,5
Caraterização -10
Banda Sonora -9,5

SNOWPIERCER

 Expresso do Amanhã 2ª temporada - AdoroCinema

 (2020 - Presente) - 2 Temporadas

Quem vê séries com alguma regularidade não duvidará ao afirmar que, tirando as séries "unicórnio" que nos conseguem prender da primeira à última temporada, a maioria das séries apresenta uma ótima primeira temporada e depois vai gradualmente perdendo alguma qualidade, nuns casos mais noutros menos. Pois bem, Snowpiercer veio para contrariar este pressuposto. E não que a primeira temporada não fosse boa, mas sem dúvida que nesta segunda temporada conseguiram agarrar o público de uma forma surpreendente, que esperamos que se mantenha nas próximas. 

 Baseado na banda desenhada francesa Le Transperceneige,  e já adaptado ao cinema em 2013 por Bong John Hoo ("Os Parasitas", Snowpiercer apresenta-se como uma distopia cuja narrativa se centra num grupo de pessoas presas num comboio sem destino que passa o tempo a dar voltas ao mundo, que ficou coberto de gelo tornando-se inabitável para os seres humanos. A crítica às desigualdades sociais, aos sistemas fascistas, repressores e totalitários não é novidade, mas sem dúvida que Snowpiercer se distingue, mais que não seja por se centrar apenas num "único" espaço físico, sem que perca qualidade ou se torne maçador.

Com uma boa narrativa já na primeira temporada, embora talvez um pouco dispersa, a segunda temporada veio para agarrar definitivamente o público, introduzindo um novo elemento - O Big Alice - comandado pelo aclamado Mr. Wilford, e que vem imprimir uma dinâmica interessante e que desperta o interesse de qualquer espetador. O elenco não fica aquém do grande argumento da série, contando com nomes de peso como Sean Ben, Jennifer Connelly ou até mesmo Alison Wright, que tem uma evolução surpreendente nesta segunda temporada. Sabemos que uma série está a fazer algo certo quando as escolhas dos personagens têm a capacidade de nos surpreender. A fotografia e a banda sonora acompanham o passo também, transportando-nos para a trama e fazendo-nos parecer que somos também um dos passageiros de "Snowpiercer e das suas 1034 carruagens de comprimento".

Resta-nos esperar, com alguma ansiedade devo dizer, pela nova temporada para saber aquilo que ficou em aberto nesta e esperar que esta qualidade continue e que continuemos a ser surpreendidos por esta que é já, a meu ver, uma das grandes séries de 2021.

 
Classificação (9):
 
Argumento - 9
Cinematografia - 9
Representação - 9
Caraterização -9,5
Banda Sonora -8,5

 

THE IRREGULARS / O BANDO

  Análise: The Irregulars (O Bando) – Netflix | Central Comics

(2021 - Presente)

Muitas são já as produções que exploram o universo criado por Sir. Arthur Conan Doyle, desde séries de televisão a filmes, como vimos muito recentemente com Enola Holmes, em que Millie Bobby Brown brilhantemente interpretou o papel de irmã do famoso personagem Sherlock Holmes. Esta produção de Tom Bidwell tem, no entanto, uma componente que até então não tinha sido explorada - o universo do fantástico. 

Um dos méritos da série é que, de facto, tudo nos faz lembrar Sherlock Holmes, mesmo sem precisar do lendário personagem para construir a sua narrativa (que aliás só aparece nos últimos episódios). A trama é protagonizada por um grupo de jovens órfãos que vivem na rua e que são contactados pelo braço direito de Holmes, o Dr. Watson, para investigarem estranhos acontecimentos naquela Londres Vitoriana. Na verdade já em Elementar (2013 - 2019) tínhamos visto a intervenção deste grupo de jovens a quem Sherlock recorria frequentemente. 

Apesar de ter muitos aspetos a melhorar a série não está mal conseguida. Notoriamente dirigida para um público mais jovem, a verdade é que nao fica agarrada aos típicos dilemas de adolescentes e revela personagens com alguma maturidade emocional, afinal outra coisa não faria sentido tendo em conta as suas histórias de vida. Claro, existem momentos de muita dispersão narrativa querendo fazer tudo em apenas 8 episódios, estendendo-os muito para além do que deveria acontecer. Também não deixo de observar com alguma pena essa crescente preocupação pelo preenchimento das quotas raciais que se pode ver em várias personagens, como Doutor Watson, a protagonista Beatrice, entre outros, que acaba por ser demasiado notório, retirando um pouco de credibilidade a um enredo que, apesar do seu universo fantástico, tem um background bastante sólido e com raízes históricas e literárias da época que retrata. Isto sem desprimor para a qualidade da interpretação dos referidos atores e atrizes, aliás Taddhea Graham vai muito bem no papel de protagonista, assim como a maioria dos seus restantes companheiros. O elenco definitivamente foi bem escolhido. Esse é um dos elementos que sustenta a série, assim como o magnífico retrato dessa Londres Vitoriana.

Quem gosta deste e tem uma mente suficientemente aberta para aceitar abordagens mais alternativas certamente gostará da série!

Classificação (7,4):
 
Argumento - 7
Cinematografia - 8
Representação - 8
Caraterização -7
Banda Sonora -7

 

THE HANDMAID'S TALE

 The Handmaid's Tale | 2x01 - June | Arroba Nerd

(2017 - Presente) - 3 Temporadas

Baseado no livro homónimo de Margaret Atwood, The Handmaid's Tale é uma distopia que nos apresenta a queda do governo norteamericano e a consequente ascensão de uma nova forma de autoridade, a República de Gilead, uma espécie de administração cristã fundamentalista totalitária na qual o respeito às leis sagradas deve ser seguido acima de tudo. A trama desenrola-se através do olhar de June Osborne (Elisabeth Moss), capturada ao tentar entrar no Canadá com seu marido e sua filha. Com um novo nome, agora Offred, ela deve se sujeitar a esse governo totalitário juntamente com diversas outras mulheres que antes do declínio americano exerciam funções normais e fundamentais na sociedade, como jornalistas, editoras, médicas e professoras e que agora se tornaram aias, uma nova "classe" de mulheres mantidas apenas para exercer função reprodutiva.
 
The Handmaid's Tale é cruel, não tem medo de mostrar o lado mais obscuro desta nova República e de forma nua e crua, sem brilhos nem artifícios, e isto sem nunca deixar de prender a atenção do espetador. É nesta confusão mental que por vezes suscita a quem assiste que se eleva a qualidade da série, fazendo-nos pensar que nalgum lugar no mundo pode ou poderá vir a acontecer as atrocidades com que nos deparamos na série. Se é que se consegue destacar algum aspeto, a fotografia é uma dessas coisas, com um incrível jogo de cores que nos faz perceber que nada é deixado ao acaso. Não menos de destaque é a incrível banda sonora e, claro está, as prestações dos protagonistas, onde seria injusto não destacar Elizabeth Moss. Confesso que pouco conhecia do trabalho dela, fiquei completamente rendido.

A última temporada já revelou algum desgaste, sem nunca comprometer a qualidade, esperemos que as próximas recuperem um pouco da ambiência criadas nas duas primeiras temporadas. Com o anúncio de continuidade da saga por parte de Margaret Atwood, e tendo em conta o sucesso da série é bem provável que se venham a confirmar futuras novas temporadas. É, sem dúvida, uma boa notícia, vamos esperar que não destruam a magia da série ao fazerem temporadas infindáveis que, não raras vezes, acabam por enrolar demasiado a história.

Recomendo muito!

 
Classificação (9,2):
 
Argumento - 9
Cinematografia - 9,5
Representação - 9,5
Caraterização -9
Banda Sonora -9

SENSE8

A volta de Sense8 | GAMEPLAYRJ

 (2015 - 2018) - 2 Temporadas

Sense8 é porventura um dos maiores símbolos de resiliência de uma série e de como, por vezes, as regras impostas pela ditadura das audiências podem ser quebradas.

Com uma produção quase megalómana, Sense8 é uma série que não podemos ver e dizer apenas que gostámos muito. É uma série que nos toca no coração e que da qual levamos um pouco dela para a vida, assim como parece ela ter um pouco de nós, de cada um nós. Essa é a verdadeira essência de Sense8

Com argumento das irmãs Wachowski, produtoras de alguns sucessos como Matrix, na altura enquanto irmãos Wachowski (só esta pequena informação já explica muita coisa), Sense8 é uma produção Netflix com filmagens nos 5 continentes que acompanha o “nascimento” de um grupo de oito pessoas pertencentes a uma nova subespécie evolutiva do ser humano, o Homus Sapiens Sensorium, formado pelo polícia Will Gorski, pela hacker transsexual Nomi Marks; pelo ator mexicano homossexual Lito Rodriguez; pela empresária coreana e exímia lutadora Sun Bak; pela bioquímica indiana Kala Dandekar; pela DJ islandesa e viciada em drogas Riley “Blue” Gunnarsdóttir; pelo relutante gangster alemão Wolfgang Bogdanow e pelo motorista de autocarros africano Capheus “Van Damme” Onyongo. Estes oito personagens estão ligadas entre si sensorialmente, podendo cada um sentir tudo o que os restantes sentem, mesmo estando em partes diferentes do mundo.

Ao contrário do que vemos nalgumas séries, Sense8 não tem medo de hastear as suas bandeiras, como a luta pelos direitos LGBT, contra o racismo, a xenofobia, entre outros, sem que com isso esvazie o seu conteúdo ou lhe retire alguma qualidade ou credibilidade. Como disse acima, Sense8 é um exemplo de perseverança. Com o anunciado cancelamento da série em 2017, a Netflix viu-se confrontada com um bombardeamento de críticas vindas por várias vias que, naturalmente não abonavam a favor da empresa que, apesar de já estar em clara ascensão, precisava de continuar a ganhar terreno, tendo decidido dar um final digno à série num episódio de 2h30min. Não são muitas as séries que conseguem este feito, e isso só se consegue com um público fiel, mesmo não sendo Sense8 o maior exemplo de uma série de massas.

Não será uma série de culto, mas é certamente uma série que marca e uma série que fica, mais que não seja na nossa memória e nos nossos corações. Quem vê não fica indiferente, e arrisco-me a dizer que é difícil não adorar a série!

Classificação (9,2):
 
Argumento - 9
Cinematografia - 10
Representação - 8,5
Caraterização -9
Banda Sonora -9,5