PRISON BREAK

 

 83 melhor ideia de Prison Break | prison break, michael scofield, filmes

(2005 - 2017) - 5 Temporadas

Há séries que nos apresentam personagens tão fortes que os atores que as desempenham acabam por ficar com a marca do "papel da carreira" que dificilmente será superado. Isso acontece com Prison Break, mais especificamente com Wentworth Miller, que tão bem dá vida a Michael Scofield.

A trama centra-se em dois irmãos, Lincoln Burrows, um homem que foi sentenciado à morte por alegadamente ter assassinado o irmão da vice-presidente dos EUA, e Michael Scofield, um engenheiro civil que cria um plano para resgatar o irmão da prisão antes que seja executado. O plano de fuga de Scofield é perspicaz e meticuloso, mas o seu "suporte" é algo incrível e, claro, muito bad ass. Tatuar o plano de fuga por todo o corpo e ninguém sequer perceber, assim como todo o processo de recrutamento de todos os que serão necessários para levar a cabo esse plano de fuga é um dos pontos fortes da série. No entanto, engane-se quem pensa que a série se limita a este arco narrativo, aos poucos percebemos que a condenação de Burrows está envolta numa grande conspiração que envolve tanto a vice-presidente dos EUA como várias empresas multinacionais.

É quase inevitável a comparação com uma das recentes reviews que aqui publiquei destes dois irmãos com os irmãos Winchester, de Supernatural. Não será, porventura, totalmente justa esta comparação pois os quatro personagens têm traços bastantes distintos, mas é interessante ver algumas semelhanças no binómio "irmão mais novo - irmão mais velho". Apesar de não chegar a haver a química que é inegável nos irmãos Winchester, é também muito interessante ver a dinâmica entre estes dois irmãos.

A série teve um hiato temporal de quase 10 anos (entre 2008 e 2017) tendo regressado em em 2017 para uma última temporada. Apesar de muitos aguardarem com expetativa o regresso da série, esta acabou por ser muito contestada. Pessoalmente não desgostei da temporada e do final que lhe imprimiram, mas tenho de acabar por concordar que o ressurgimento de uma série depois de um hiato temporal tão significativo merecia uma nova abordagem, afinal o público é diferente e mesmo o público fiel também acabou por seguir dinâmicas diferentes. Independentemente disso esta é definitivamente uma "série de culto", pelo que para quem ainda não viu tenho a certeza de que não se irá arrepender.

Classificação (8,9):
 
Argumento - 9
Cinematografia - 8
Representação - 9
Caraterização -9,5
Banda Sonora -9

 

 


TRUE DETECTIVE

  True Detective (season 1) - Wikipedia

 

(2014 - 2019) - 3 Temporadas

True Detective será, porventura, das séries mais difíceis de analisar conjuntamente dado tratar-se de uma série de antologia, em que de uma temporada para outra praticamente tudo muda (argumento, elenco, realizador, etc.) mantendo-se apenas a mesma temática. Mas, como tem sido premissa deste blog as análises às séries como um todo (até ao momento da publicação), então manterei esse espírito.

O género policial/investigação é um género de que gosto particularmente, mas é justo dizer que True Detective joga numa liga completamente distinta das restantes séries do mesmo género. É tão complexo que nem sequer é fácil descrever por palavras. Primeiro que tudo, talvez, por contrariar o protótipo de muitas (não todas) séries do género, com mais ação ou, quanto muito, com um ritmo narrativo mais acelerado. Esse não é propriamente o estilo de True Detective, que pelo contrário se preocupa mais na densificação da trama e, acima de tudo dos próprios personagens.

Os nomes que já passaram pela série são muitos e bem conhecidos, como  Matthew McConaughey, Woody Harrelson, Collin Farrel, Mahershala Ali, entre outros, todos com prestações incrivelmente notáveis, pese embora uns se tenham destacado mais que outros. A crítica é quase unânime em admitir a grandiosidade da primeira temporada, que na segunda teve uma significativa quebra voltando a ganhar força nesta terceira temporada. Tendo a concordar com essa visão, de facto talvez tenha sido o argumento e as personagens da segunda temporada que não convenceram, pese embora se tenha tentado manter a mesma ambiência. Ficou a faltar qualquer coisa, talvez um certo ambiente catastrófico e desolador que ao mesmo tempo nos cativa e nos intriga, mantendo sempre a densidade da narrativa e dos personagens e das suas questões metafísicas da condição humana. Outro fator que talvez tenha também influenciado foi a exploração de vários arcos temporais, que torna sempre interessante ver a evolução física do personagem e que Mahershala Ali desempenhou brilhantemente. 

Não tenho estado propriamente muito atento mas parece que se fala já numa quarta temporada. Vamos esperar que mantenha esta dinâmica recuperada nesta terceira temporada. Se ainda não viste, estás à espera do quê?


Classificação (9,4):
 
Argumento - 9
Cinematografia - 9,5
Representação - 10
Caraterização -9,5
Banda Sonora -9

 

SUPERNATURAL

  A Série Supernatural | Wiki | Fatos Sobrenaturais™ Amino

 (2005 - 2020) - 15 Temporadas

Não é fácil escrever sobre Supernatural com objetividade. Agora que faço uma análise retrospetiva acho que foi com Supernatural que tudo isto começou, refiro-me a esta paixão pelo universo das séries, pelo que como será de calcular esta é uma série que me é muito querida. E não só por isso claro, por abordar um universo de que gosto e que me interessa e por despertar valores com os quais me identifico, valores que por vezes gostava de ver materializados na minha própria realidade.

Com 15 temporadas e mais de 300 episódios (sim, 327 episódios) Supernatural transporta-nos para um mundo para o qual é fácil deixarmo-nos levar, apesar de sabermos à partida não ser real. Com elementos de fantástico, terror, drama, ação e, claro, sobrenatural, acompanhamos a viagem dos dois irmãos Dean e Sam Winchester que, seguindo as pisadas do pai, percorrem a América no seu Chevrolet para combater todo o tipo de monstros que assolam o país, como fantasmas, demónios, deuses, entre outros. A química que se gera entre estes dois irmãos, que como todas as relações terá os seus altos e baixos, torna difícil não ficarmos a torcer para que tudo corra bem e que o bem triunfe sempre sobre o mal (por muito cliché que pareça esta série exterioriza bem isso).

Comecei a ver a série quando ia na 2ª temporada, rapidamente pus os episódios em dia, mas confesso que, como muitos fãs da série, não cheguei sequer à 10º temporada. Como já escrevi em posts anteriores, os ritmos de visualização, os timmings, o número de episódios e a sua duração mudaram completamente no público do início dos anos 2000 para o público da segunda década deste século. Ninguém concebe já temporadas de 20 episódios (há pessoas que nem sabem o que isso é...) Isto, no entanto, não retira qualquer mérito à série, por muito bom que um formato seja ao longo do tempo vai-se notando sempre um desgaste nos espetadores, para além de que partilho da opinião de que a série deveria ter terminado na 5ª temporada (Aquele último episódio ficará para a história, sem dúvida). Não obstante isto, quando soube do anúncio do final da série fiz um esforço e voltei a pegar na série para a concluir. Não me vou alongar muito sobre o final da série, dizer apenas que também não me agradou totalmente, mas o elemento emoção nestes casos sobrepõe-se e foi de facto muito emotivo o encontro dos irmãos Winchester no céu. Como disse, dificilmente veremos uma química entre dois personagens como vimos com estes dois irmãos.

A densidade de Supernatural vai muito além daquilo que aparenta, ressaltando valores de pura fraternidade, lealdade, amizade, que infelizmente hoje em dia são tão raros que nos quase nos distanciam mais da série do que os seus elementos de sobrenatural. Não poderia também deixar de referir a magnífica banda sonora, que nos remete para aquela América profunda, especialmente a música do genérico ("Carry On Wayward Son"), que tanto significado teve no último episódio e que jamais me sairá da cabeça.Teve o seu tempo, e bem merecido, mas sem dúvida que vai deixar saudades.


Classificação (9,5):
 
Argumento - 10
Cinematografia - 9
Representação - 9,5
Caraterização -9
Banda Sonora -10

 


FRINGE

 Fringe: Foto - 162 no 513 - AdoroCinema

(2008 - 2013) -  5 Temporadas

Sempre que me pedem recomendação de uma boa série de ficção científica não posso deixar de recomendar Fringe. Este é definitivamente um dos meus géneros preferidos e esta série ocupa um lugar especial no meu coração.

Não deixa de ser incrível como uma série que à partida parece ter uma premissa bastante simples acaba por abordar, e bem, temas tão complexos. A série gira em torno da agente especial do FBI Olivia Dunham (Anna Torv) que é transferida para a Divisão de Fringe onde passa a investigar crimes e ocorrência fora do comum. Para tal necessitará da ajuda do Dr. Walter Bishop, entretanto internado numa instituição psiquiátrica, pelo que acaba por necessitar da ajuda de Peter Bishop, seu filho e "tutor", com quem a relação não é a melhor. Pelo meio são abordados inúmeros temas com uma qualidade que raramente tem sido vista em série posteriores, como telecinese, inteligência artificial, teletransporte, nanotecnologia, entre muitos outros. Anna Torv tem uma profundidade e um mistério na sua atuação que nos cativa a cada instante, e o que dizer de John Noble, que brilhantemente interpreta Walter Bishop, uma personagem que certamente ficará na história das séries televisivas.

J.J. Abrams vai de facto basear-se em vários elementos de Ficheiros Secretos, mas eleva a fasquia de uma forma que nos transporta com muita facilidade para a narrativa, não cria aquela distância que nas séries sci-fi vem muitas vezes acompanhadas do fascínio. Não, tudo parece ser plausível e real. Abrams, contrariamente ao que aconteceu em Lost segundo a opinião de muitos fãs, consegue aqui nesta série dar um final digno e fechar todos as pontas soltas. Acredito que não vão querer perder esta série!!


Classificação (9,3):
 
Argumento - 10
Cinematografia - 9
Representação - 9,5
Caraterização -9
Banda Sonora -9

LOST / PERDIDOS

 Cinerama: LOST, Análise Completa Da Série - UniversoNerd.Net

 

(2004 - 2010) - 6 Temporadas

Uma análise distanciada de um visionamento distanciado.

Explicando um pouco este subtítulo, com Lost inauguro um conjunto de reviews a séries que já vi há algum tempo, mas sobre as quais quero muito escrever. Esta review já vem com alguns anos de atraso depois do visionamento da série que, por sua vez, já foi foi vista uns tempos depois do final oficial da série. Este aspeto penso que contribui muito para a visão que tenho da série, diferentemente de quem assistiu em tempo real.

Lost dispensa quaisquer apresentações, não só porque será sempre redutor tentar sumariar todo o conteúdo desta magnífica série, como porque mesmo quem não viu sabe pelo menos que a premissa inicial se centra naquele grupo de sobreviventes que, após um acidente aéreo, ficam presos numa ilha cheia de mistérios, que os criadores Jeffrey Lieber, Damon Lindelof e J.J. Abrams nos levam a conhecer ao longo de 6 temporadas. Será justo dizer que Lost foi a primeira série a ter um impacto gigante junto dos público mainstream, levando a coisas que hoje são perfeitamente normais para as séries de maior audiência, como a criação da sua própria "wikipédia" com todas as informações sobre a série, a grupos de discussão dos episódios em tempo real. Lembro-me de na altura ter lido algures, e mais não explorei quanto a isto, que o argumento de Lost tinha no seu intertexto mais de 500 obras literárias. Não me surpreenderia se fosse verdade.

Como mencionei acima, vi Lost cerca de 2 anos depois de já ter terminado e penso que isso acaba por influenciar a minha visão da série e conseguir apreciar certos aspetos e aceitar certas coisas que, compreensivelmente, quem assistiu me tempo real terá vivido com outra intensidade e por ventura terá mexido mais consigo. Não que soubesse propriamente o que ia acontecer, sabia apenas que o final não iria ser de todo consensual. Aliás, estava preparado para que fosse, e penso que isso jogou a favor da minha avaliação da série. 

É-me difícil fazer rankings e escolher séries, mas se de facto me obrigassem a fazê-lo Lost estaria certamente no top 5. Há qualquer coisa de investigadores sociais em nós que nos faz querer observar com atenção o instituo de sobrevivência deste grupo de sobreviventes, mas, verdade seja dita, que todos os personagens estão incrivelmente bem construídos, deixando-nos a torcer por cada um deles. Será sempre discutível se a certa altura a confusão da trama acabou por levar ao declínio da série, coisa que não acompanho, mas uma coisa Lost provou que se provou que com consistência se consegue fazer uma boa série que vive muito de flashbacks e flashforwards.

Não consigo não recomendar esta série, que já me fez muitas vezes querer voltar a assistir, e que ainda só não o fiz porque continua a haver imensas em lista de espera para serem vistas.

Vejam a série, mas vejam-na sem preconceitos e deixem-se verdadeiramente transportar para o seu maravilhoso universo. Não se irão arrepender!


Classificação (9,6):
 
Argumento - 9,5
Cinematografia - 9,5
Representação - 9,5
Caraterização -10
Banda Sonora -9,5

SNOWPIERCER

 Expresso do Amanhã 2ª temporada - AdoroCinema

 (2020 - Presente) - 2 Temporadas

Quem vê séries com alguma regularidade não duvidará ao afirmar que, tirando as séries "unicórnio" que nos conseguem prender da primeira à última temporada, a maioria das séries apresenta uma ótima primeira temporada e depois vai gradualmente perdendo alguma qualidade, nuns casos mais noutros menos. Pois bem, Snowpiercer veio para contrariar este pressuposto. E não que a primeira temporada não fosse boa, mas sem dúvida que nesta segunda temporada conseguiram agarrar o público de uma forma surpreendente, que esperamos que se mantenha nas próximas. 

 Baseado na banda desenhada francesa Le Transperceneige,  e já adaptado ao cinema em 2013 por Bong John Hoo ("Os Parasitas", Snowpiercer apresenta-se como uma distopia cuja narrativa se centra num grupo de pessoas presas num comboio sem destino que passa o tempo a dar voltas ao mundo, que ficou coberto de gelo tornando-se inabitável para os seres humanos. A crítica às desigualdades sociais, aos sistemas fascistas, repressores e totalitários não é novidade, mas sem dúvida que Snowpiercer se distingue, mais que não seja por se centrar apenas num "único" espaço físico, sem que perca qualidade ou se torne maçador.

Com uma boa narrativa já na primeira temporada, embora talvez um pouco dispersa, a segunda temporada veio para agarrar definitivamente o público, introduzindo um novo elemento - O Big Alice - comandado pelo aclamado Mr. Wilford, e que vem imprimir uma dinâmica interessante e que desperta o interesse de qualquer espetador. O elenco não fica aquém do grande argumento da série, contando com nomes de peso como Sean Ben, Jennifer Connelly ou até mesmo Alison Wright, que tem uma evolução surpreendente nesta segunda temporada. Sabemos que uma série está a fazer algo certo quando as escolhas dos personagens têm a capacidade de nos surpreender. A fotografia e a banda sonora acompanham o passo também, transportando-nos para a trama e fazendo-nos parecer que somos também um dos passageiros de "Snowpiercer e das suas 1034 carruagens de comprimento".

Resta-nos esperar, com alguma ansiedade devo dizer, pela nova temporada para saber aquilo que ficou em aberto nesta e esperar que esta qualidade continue e que continuemos a ser surpreendidos por esta que é já, a meu ver, uma das grandes séries de 2021.

 
Classificação (9):
 
Argumento - 9
Cinematografia - 9
Representação - 9
Caraterização -9,5
Banda Sonora -8,5

 

THE IRREGULARS / O BANDO

  Análise: The Irregulars (O Bando) – Netflix | Central Comics

(2021 - Presente)

Muitas são já as produções que exploram o universo criado por Sir. Arthur Conan Doyle, desde séries de televisão a filmes, como vimos muito recentemente com Enola Holmes, em que Millie Bobby Brown brilhantemente interpretou o papel de irmã do famoso personagem Sherlock Holmes. Esta produção de Tom Bidwell tem, no entanto, uma componente que até então não tinha sido explorada - o universo do fantástico. 

Um dos méritos da série é que, de facto, tudo nos faz lembrar Sherlock Holmes, mesmo sem precisar do lendário personagem para construir a sua narrativa (que aliás só aparece nos últimos episódios). A trama é protagonizada por um grupo de jovens órfãos que vivem na rua e que são contactados pelo braço direito de Holmes, o Dr. Watson, para investigarem estranhos acontecimentos naquela Londres Vitoriana. Na verdade já em Elementar (2013 - 2019) tínhamos visto a intervenção deste grupo de jovens a quem Sherlock recorria frequentemente. 

Apesar de ter muitos aspetos a melhorar a série não está mal conseguida. Notoriamente dirigida para um público mais jovem, a verdade é que nao fica agarrada aos típicos dilemas de adolescentes e revela personagens com alguma maturidade emocional, afinal outra coisa não faria sentido tendo em conta as suas histórias de vida. Claro, existem momentos de muita dispersão narrativa querendo fazer tudo em apenas 8 episódios, estendendo-os muito para além do que deveria acontecer. Também não deixo de observar com alguma pena essa crescente preocupação pelo preenchimento das quotas raciais que se pode ver em várias personagens, como Doutor Watson, a protagonista Beatrice, entre outros, que acaba por ser demasiado notório, retirando um pouco de credibilidade a um enredo que, apesar do seu universo fantástico, tem um background bastante sólido e com raízes históricas e literárias da época que retrata. Isto sem desprimor para a qualidade da interpretação dos referidos atores e atrizes, aliás Taddhea Graham vai muito bem no papel de protagonista, assim como a maioria dos seus restantes companheiros. O elenco definitivamente foi bem escolhido. Esse é um dos elementos que sustenta a série, assim como o magnífico retrato dessa Londres Vitoriana.

Quem gosta deste e tem uma mente suficientemente aberta para aceitar abordagens mais alternativas certamente gostará da série!

Classificação (7,4):
 
Argumento - 7
Cinematografia - 8
Representação - 8
Caraterização -7
Banda Sonora -7

 

THE HANDMAID'S TALE

 The Handmaid's Tale | 2x01 - June | Arroba Nerd

(2017 - Presente) - 3 Temporadas

Baseado no livro homónimo de Margaret Atwood, The Handmaid's Tale é uma distopia que nos apresenta a queda do governo norteamericano e a consequente ascensão de uma nova forma de autoridade, a República de Gilead, uma espécie de administração cristã fundamentalista totalitária na qual o respeito às leis sagradas deve ser seguido acima de tudo. A trama desenrola-se através do olhar de June Osborne (Elisabeth Moss), capturada ao tentar entrar no Canadá com seu marido e sua filha. Com um novo nome, agora Offred, ela deve se sujeitar a esse governo totalitário juntamente com diversas outras mulheres que antes do declínio americano exerciam funções normais e fundamentais na sociedade, como jornalistas, editoras, médicas e professoras e que agora se tornaram aias, uma nova "classe" de mulheres mantidas apenas para exercer função reprodutiva.
 
The Handmaid's Tale é cruel, não tem medo de mostrar o lado mais obscuro desta nova República e de forma nua e crua, sem brilhos nem artifícios, e isto sem nunca deixar de prender a atenção do espetador. É nesta confusão mental que por vezes suscita a quem assiste que se eleva a qualidade da série, fazendo-nos pensar que nalgum lugar no mundo pode ou poderá vir a acontecer as atrocidades com que nos deparamos na série. Se é que se consegue destacar algum aspeto, a fotografia é uma dessas coisas, com um incrível jogo de cores que nos faz perceber que nada é deixado ao acaso. Não menos de destaque é a incrível banda sonora e, claro está, as prestações dos protagonistas, onde seria injusto não destacar Elizabeth Moss. Confesso que pouco conhecia do trabalho dela, fiquei completamente rendido.

A última temporada já revelou algum desgaste, sem nunca comprometer a qualidade, esperemos que as próximas recuperem um pouco da ambiência criadas nas duas primeiras temporadas. Com o anúncio de continuidade da saga por parte de Margaret Atwood, e tendo em conta o sucesso da série é bem provável que se venham a confirmar futuras novas temporadas. É, sem dúvida, uma boa notícia, vamos esperar que não destruam a magia da série ao fazerem temporadas infindáveis que, não raras vezes, acabam por enrolar demasiado a história.

Recomendo muito!

 
Classificação (9,2):
 
Argumento - 9
Cinematografia - 9,5
Representação - 9,5
Caraterização -9
Banda Sonora -9

SENSE8

A volta de Sense8 | GAMEPLAYRJ

 (2015 - 2018) - 2 Temporadas

Sense8 é porventura um dos maiores símbolos de resiliência de uma série e de como, por vezes, as regras impostas pela ditadura das audiências podem ser quebradas.

Com uma produção quase megalómana, Sense8 é uma série que não podemos ver e dizer apenas que gostámos muito. É uma série que nos toca no coração e que da qual levamos um pouco dela para a vida, assim como parece ela ter um pouco de nós, de cada um nós. Essa é a verdadeira essência de Sense8

Com argumento das irmãs Wachowski, produtoras de alguns sucessos como Matrix, na altura enquanto irmãos Wachowski (só esta pequena informação já explica muita coisa), Sense8 é uma produção Netflix com filmagens nos 5 continentes que acompanha o “nascimento” de um grupo de oito pessoas pertencentes a uma nova subespécie evolutiva do ser humano, o Homus Sapiens Sensorium, formado pelo polícia Will Gorski, pela hacker transsexual Nomi Marks; pelo ator mexicano homossexual Lito Rodriguez; pela empresária coreana e exímia lutadora Sun Bak; pela bioquímica indiana Kala Dandekar; pela DJ islandesa e viciada em drogas Riley “Blue” Gunnarsdóttir; pelo relutante gangster alemão Wolfgang Bogdanow e pelo motorista de autocarros africano Capheus “Van Damme” Onyongo. Estes oito personagens estão ligadas entre si sensorialmente, podendo cada um sentir tudo o que os restantes sentem, mesmo estando em partes diferentes do mundo.

Ao contrário do que vemos nalgumas séries, Sense8 não tem medo de hastear as suas bandeiras, como a luta pelos direitos LGBT, contra o racismo, a xenofobia, entre outros, sem que com isso esvazie o seu conteúdo ou lhe retire alguma qualidade ou credibilidade. Como disse acima, Sense8 é um exemplo de perseverança. Com o anunciado cancelamento da série em 2017, a Netflix viu-se confrontada com um bombardeamento de críticas vindas por várias vias que, naturalmente não abonavam a favor da empresa que, apesar de já estar em clara ascensão, precisava de continuar a ganhar terreno, tendo decidido dar um final digno à série num episódio de 2h30min. Não são muitas as séries que conseguem este feito, e isso só se consegue com um público fiel, mesmo não sendo Sense8 o maior exemplo de uma série de massas.

Não será uma série de culto, mas é certamente uma série que marca e uma série que fica, mais que não seja na nossa memória e nos nossos corações. Quem vê não fica indiferente, e arrisco-me a dizer que é difícil não adorar a série!

Classificação (9,2):
 
Argumento - 9
Cinematografia - 10
Representação - 8,5
Caraterização -9
Banda Sonora -9,5

THE ONE

 

 THE ONE, une série d'anticipation sur la recherche de l'âme sœur sur  Netflix [Actus Séries TV] - Freakin Geek

(2020 - Presente) - 1 Temporada

Para quem pensa que neste blog só cabem avaliações positivas, desengane-se, The One é mesmo uma série a riscar da sua lista de séries a ver (na minha modesta opinião, claro está).

O tema não é o argumento mais inovador de sempre, embora se apresente com alguns contornos que, bem explorados, talvez até pudessem criar uma dinâmica interessante. Não aconteceu. 

A série gira em torno de Rebecca Webb, a CEO de uma empresa, a The One, uma tecnológica que garante identificar a sua alma gémea, através da análise do ADN. O sistema indica que existe apenas uma pessoa (ou não) no planeta que faz match com outra e que é através das análises feitas pela The One que se torna possível encontrá-la. Há muita coisa aqui que poderia ser densificada e que tornaria a série muito mais interessante (temos aqui o confronto entre o pré-determinismo e o livre arbítrio que os personagens praticamente nem mencionam, portanto temos claramente um elefante no meio da sala e simplesmente fingimos que não está lá). 

A forma ilícita como a empresa opera para levar a cabo este emparelhamento e a sua investigação por parte das autoridades indiretamente através de um crime por resolver é uma das dinâmicas centrais da série que, mesmo, é bastante fraca e poderia ser melhor explorada. As prestações da maioria dos atores são pouco satisfatórias, algumas até mesmo sofríveis em certos momentos, a começar pela protagonista que não agarra o público e não cria empatia. Não sendo eu de todo nacionalista, destacaria a prestação de Albano Jerónimo que esteve bastante acima dos restantes e me pareceu algo deslocado do resto do elenco. O argumento não convence, não é lógico nem coerente em certos momentos, deixando muitas coisas por explicar e isso, em última instância, só poderá ser bom se os guionistas agarrarem na história e lhe derem uma nova abordagem, caso contrário não acredito que dure muito. 

Classificação (6,3):
 
Argumento - 5
Cinematografia - 7
Representação - 6
Caraterização -7
Banda Sonora -6,5

 


GÂMBITO DE DAMA

 Gambito de Dama | Site Oficial da Netflix

(2020) - 1 Temporada

Dizer que Gâmbito de Dama é uma das melhores séries do ano de 2020 é claramente redutor, é indiscutivelmente uma das melhores séries da última década, em vários aspetos.

Adaptado do romance homónimo de Walter Trevis (e, pelo que tenho lido e ouvido, com um surpreendente nível de fidelidade), Gâmbito de Dama prende-nos ao ecrã ao contar a história da jovem  Beth Harmon (Anya Taylor-Joy) que fica subitamente órfã após a mãe sofrer um acidente de viação. A sua infância torna-se ainda mais conturbada e desafiante do que já era quando vivia com a sua mãe emocionalmente instável quando vai parar a um orfanato onde vem a descobrir o maravilhoso mundo do xadrez. Beth vem mais tarde a ser adotada por um casal disfuncional acabando por sofrer uma nova perda. Não admira, portanto, que grande parte da série se centre na dualidade que coabita a sua vida, por um lado a dependência de comprimidos tranquilizantes e, mais tarde do álcool, e por outro o seu futuro enquanto a nova grande promessa do xadrez a nível mundial.

Taylor-Joy conduz o espetador de uma forma arrebatadora, muitas vezes hipnotizante, às vezes fica difícil perceber se é a câmara que a adora ou se é ela que adora a câmara. Uma coisa é certa, a equipa de realização soube muito bem tirar partido disto. Mas não é só, a banda sonora é tão imponente e tão bem conjugada com as várias cenas que nos faz sentir estar lá, ainda que seja um mero figurante a assistir aos incríveis (e por vezes infindáveis) jogos de xadrez. Esse é outro grande destaque da série - a exaltação máxima desse jogo de tabuleiro cuja complexidade quase se confunde com uma ciência e a espectacularidade com uma arte. Se o tango é sexo em chão de madeira, o xadrez não lhe fica atrás. As variadas emoções que gera nos jogadores,e também a quem está assistir, é prova disso, sendo inúmeras as jogadas de cortar a respiração.

Há pouca coisa a apontar a esta série, claro que ficará sempre sujeito a fatores intrínsecos e individuais, mas é inegável a sua qualidade. Numa altura em que o espetador está mais exigente e que já vai ficando um pouco gasto o formato de séries com longas (e por vezes penosas) temporadas, Gâmbito de Dama condensa em sete deliciosos episódios uma trama fantástica que nos deixa a desejar por mais, muito mais.

Classificação (9,5):
 
Argumento - 9
Cinematografia - 9,5
Representação - 10
Caraterização -9,5
Banda Sonora -9,5

KILLING EVE

 

 

 Killing Eve · Notícias da TV

(2018 - Presente) - 3 Temporadas

 Como é que uma série anunciadamente de pendor de investigação rapidamente se torna numa série sobre a relação complicada entre uma investigadora e uma assassina? Estranho? Pois bem, Killing Eve dá resposta a isto.

Killing Eve centra-se em Eve Polastri (Sandra Oh) que trabalha no serviço britânico de informações de segurança interna e contra-espionagem e que vê a sua vida de pernas para o ar quando, após ser despedida, é convidada para liderar uma equipa secreta empenhada em localizar uma assassina que vem somando vítimas por toda a Europa. Falamos é Villanelle (Jodie Comer), uma assassina impiedosa mas também uma personagem assaz interessante e controversa. Arrisco-me a dizer que Villanelle é uma das personagens mais interessantes dos  mundo das séries nos últimos anos, não só pela história de vida, como pelo seu jeito peculiar que quase nos faz amá-la e odiá-la ao mesmo tempo, brilhantemente enaltecido pela talentosa Jodie Comer.

Toda a improbabilidade deste argumento e o magnifico desempenho das duas protagonistas penso que já seriam razões mais do que suficientes para ver a série, mas nada é deixado ao acaso, desde a realização à caraterização, passando pela banda sonora/edição de som que dá uma intensidade tremenda a certos aspetos fulcrais da série. Infelizmente esta terceira temporada parece já denotar alguma confusão dos argumentistas ou desgaste da história, mas creio que há muita coisa que ainda pode ser explorada nas próximas temporadas e acredito que o conseguem fazer.

É esperar pelo próximo ano!

Classificação (8,7):
 
Argumento - 9
Cinematografia - 8
Representação - 9,5
Caraterização -8,5
Banda Sonora -8,5

HIS DARK MATERIALS

 

 5 perguntas sobre a série “His Dark Materials”, da HBO | Super

 

 (2019 - Presente) - 2 Temporadas

His Dark Materials é indiscutivelmente uma das maiores produções televisivas de 2019/2020, independentemente de se gostar ou não do género.

Inspirada nas Fronteiras do Universo de Philip Pullman, uma trilogia de fantasia e ficção científica, His Dark Materials conquista o espectador a partir do primeiro episódio, desde logo pela sua atmosfera que nos transporta para vários momentos temporais que a páginas tantas se entrecruzam e desembocam em encontros improváveis, mas também pelo belo elenco de atores que tão bem agarram a série e conseguem prender a nossa atenção, como Ruth Wilson, James McAvoy ou Lin-Manuel Miranda, mas principalmente Dafne Keen, que interpreta a incrível Lyra Belacqua. É fácil identificarmo-nos e criar relação com alguns destes personagens. 

Engane-se quem pensa que esta é apenas uma mera série infanto-juvenil, His Dark Materials vai muito para além desse limitado rótulo pois os produtores conseguiram transportar para a série a densidade da narrativa de Pullman, que se inspira no poema O Paraíso Perdido, de John Milton, para abordar algumas temáticas como a queda da humanidade, tendo gerado algumas controvérsias pelas mensagens subliminares de crítica à religião. 

A série está incrivelmente bem produzida e muito bem acompanhado musicalmente, é indiscutível que a HBO sabe como operacionalizar grandes produções. Mesma a temática, que por vezes pode parecer esgotada, inova e a meu ver de forma muito interessante, não só pelo cruzamento dos mundos mas também pela dinâmica dos daemons que cada personagem tem, e que são nada mais nada menos que o reflexo da sua personalidade em forma de animal.

A série terá apenas mais uma temporada que, esperemos, a confirmar a tendência crescente da qualidade da série, será um espectáculo a não perder.

Aconselho vivamente!

Classificação (9,1):
 
Argumento -8,5
Cinematografia - 9,5
Representação - 9
Caraterização - 9,5
Banda Sonora -9
 

A MURALHA / LA VALLA

Descubre el cartel oficial y los pósteres de 'La Valla'

 

(2020 - Presente) - 1 Temporada

Quando a ficção quase se confunde com a realidade...

É de facto impressionante como há certas séries/filmes que, de tão atuais, nos parecem que poderíamos estar a abrir um jornal e a ler algo do género nas suas páginas.

A trama de "A Muralha" decorre em 2045 e mostra que Espanha mudou muito depois de um vírus - o noravírus - ter infectado grande parte da população 25 anos antes, em 2020. A crescente escassez de recursos naturais transformou as democracias ocidentais em regimes ditatoriais, tornando quase impossível a vida nas áreas rurais e levando a capital, Madrid, a ser dividida em duas regiões isoladas: o sector 1 (o do governo e dos privilegiados) e o sector 2 (para a população restante). Ficou com a sensação de ter ligado a televisão? Pois bem, o mais impressionante é que a série foi escrita e rodada antes do aparecimento da atual pandemia Covid-19. Não deixa de ser assustador.

A história centra-se numa família que, ao mudar-se para Madrid, fica sem a sua filha com a desculpa de o Governo tutelar o superior interesse da criança uma vez que o pai estava desempregado. A busca incessante deste pai pela sua filha leva-o a descobrir um esquema encoberto pelo Governo espanhol que muito indignará toda a população.

Confesso que apesar de até sempre ter tido contacto com televisão espanhola por motivos familiares, fiquei mais desperto para o surgimento de novas produções espanholas desde La Casa de Papel, e esta série rendeu-me por completo. O argumento é incrível, pois mesmo a parte nitidamente ficcionada nos leva por vezes a penar que tudo aquilo seria perfeitamente possível. A atualidade da temática faz com que não fiquemos indiferentes ao que vai acontecendo na série e as prestações de todo o elenco de atores é de uma qualidade incrível, de um equilíbrio que nem sempre é comum ver.

Não percam!

Classificação (9):
 
Argumento - 9,5
Cinematografia - 8,5
Representação - 9,5
Caraterização - 9
Banda Sonora -8,5
 

TRIBOS DA EUROPA

 Tribes of Europa: 1ª Temporada – Crítica - Geek Guia

 

 (2021 - Presente) - 1 Temporada

Dos mesmos produtores de Dark, esta produção prometia muito, mas infelizmente o fardo de dar continuidade à qualidade apresentada por Dark era demasiado pesado e não conseguiu cumprir o seu objetivo na totalidade.

Situada em 2074, a série mostra um mundo pós-apocalíptico 45 anos depois de um apagão global obrigar a humanidade a dividir-se em tribos, definidas por suas crenças e maneiras de interagir com essa realidade sombria. Até aqui nada que não tenhamos vistos em várias séries e filmes, mas tudo bem, as distopias são de facto uma temática que me interessante, de maneira que não me demovo. Os Origines, uma das tribos criadas, vivem tranquilos no meio da floresta até ao dia em que os irmãos Liv (Henriette Confurius), Elja (David Ali Rashed) e Kiano (Emilio Sakraya) presenciam a queda de uma nave hipertecnológica, o que dá início a uma série de violentos acontecimentos. Após sua vila ser massacrada, os três acabam se separando em três caminhos bem diferentes.

Como referi, a temática nada tem de novidade, mas o argumento e a premissa inicial é bastante interessante e teria muito que explorar, podendo vir a ter mais impacto se a série procurasse em futuras temporadas explorar as divisões de várias tribos espalhadas pelo mundo com base em dados reais de conflito que já atualmente existem entre vários países, sem necessariamente abandonar a vertente distópica da série. Infelizmente Tribos da Europa poderia ter explorado essa premissa com mais convicção e consistência. Já muito se comentou dos planos atabalhoados de uma câmara por vezes descontrolada que torna difícil acompanhar certas cenas, mas, acima de tudo, penso que o elenco, não obstante o carisma de alguns personagens, tem muito que melhorar. 

Não me rendo, pois penso que tem uma boa margem de progressão, vamos ver o que nos apresentam caso se mantenha.  

Classificação (7,4):
 
Argumento -7,5
Cinematografia - 7,5
Representação - 6,5
Caraterização -8
Banda Sonora -7,5
 

THE NIGHT OF

  

 

 

The Night Of, uma série de tirar o fôlego

(2016) - 1 Temporada

The Night Of é uma minissérie de apenas 9 episódios condensados de uma forma bastante estratégica e extremamente cuidada, algoa que nem sempre assistimos em séries do género.
 
Inspirada na série de 2008 da BBC Criminal Justice, The Night Of conta a história de Naz (Riz Ahmed)que rouba o táxi do seu pai no meio da noite para ir a uma festa, só que no caminho conhece uma rapariga, acabando por ir passar a noite na casa dela, com algumas drogas e bebida à mistura. No dia seguinte, Naz acorda e encontra a rapariga esfaqueada na própria cama. Com as evidências a apontarem todas no sentido da sua culpabilidade, a trama desenrola-se em torno do sinuoso caminho para provar a sua inocência, havendo espaço para abordar questões pertinentes e sempre atuais como a xenofobia e o racismo e, acima de tudo, fazendo uma crítica mordaz ao intrincado sistema judicial norte-americano.

Apesar de não ser propriamente inovador, pode-se perceber que a série tem como referências The Wire, Os Sopranos, entre outros, e até uma piscadela de olho à velocidade e densidade narrativa de True Detective, a verdade é que a originalidade do argumento, a atmosfera que a equipa de realização conseguiu imprimir à série e, acima de tudo, os excelentes desempenhos de alguns atores do elenco tornam esta série um must see que certamente "colará" muita gente ao ecrã para ver o episódio seguinte.
 
Classificação (8,5):
 
Argumento - 9
Cinematografia - 8,5
Representação - 9
Caraterização - 8
Banda Sonora - 8

 

CARBONO ALTERADO

Survive the Cyberpunk 2077 Delays With These 18 Genre Classics | SPY

(2018 - 2020) 
2 Temporadas

Carbono Alterado não nega nem esconde a premissa que se propõe desenvolver - ser uma série de ficção científica revestida por um visual cyberpunk. Inspirada no livro homónimo de Richard Morgan, Carbono Alterado apresenta-nos um futuro distópico onde é possível trocar de corpo quando este perece por velhice ou doença através da transferência da consciência armazenada num cartucho e posicionada na nuca.  
 
O enredo centra-se em Takeshi Kovacs, um ex-agente de forças especiais, que é ressuscitado com habilidades amplificadas para um missão encomendada por Laurens Bancroft, um milionário com mais de 300 anos para que este descubra quem o assassinou. A trama está bastante bem construída e, apesar de não ter lido os livros, parece-me daquilo que fui lendo que não retira o mérito da obra escrita. 
 
A receção da primeira temporada não foi consensual, tendo havido algumas críticas em relação à excessiva nudez em algumas cenas, que poderia descredibilizar a qualidade da série e houve inclusive críticas à falta de novidade da cinematografia da série, que a meu ver é excecional, pois nada acrescenta ao juízo de prognose que tendencialmente se faz de um futuro excessivamente "neonistico" (repleto de neons) e já antes apresentado em Blade Runner, entre outros. Não retiro validade a esta apreciação e de facto a primeira temporada talvez se tenha dispersado um pouco, não só na forma como no conteúdo, algo que na segunda temporada foi de certa forma reparado por uma maior concisão da narrativa, introdução de algumas dinâmicas que não existiam na primeira, tudo isto com um elenco praticamente renovado, algo que nem sempre (raramente) é bem recebido.

Infelizmente a ditadura das audiências, ou das visualizações, falou mais alto e ela acabou por ser cancelada em 2020, juntamente com muitas outras séries numa leva de cancelamentos motivada essencialmente pelas dificuldades em manter algumas séries no atual contexto de pandemia em que vivemos.

Classificação (8,6):
 
Argumento -9
Fotografia - 9,5
Representação - 7,5
Caraterização -8
Banda Sonora - 9

STRANGER THINGS

(2016 - presente) - 3 Temporadas

Perguntas essenciais: Stranger Things é uma série juvenil/ young adult? Também, mas não só. Stranger Things é uma série só para quem gosta do universo do fantástico/paranormal? Também, mas não só. Stranger Things é só para quem gosta da temática dos anos 80? Também, mas não só.

Sim, Stranger Things é isto e muito mais. Reduzi-la a um label seria completamente injusto e incorreto. A série começa com o desaparecimento de Will Byers, um jovem estudante da fictícia cidade de Hawkins, e na sua busca por parte da sua mãe e irmão e dos seus três amigos (Dustin, Lucas e Mike). Pelo caminho cruzam-se com Eleven, uma miúda deliciosamente estranha que escapara de um laboratório onde servia de cobaia para experiências sobrenaturais. Eleven mudará para sempre as vidas destes quatro amigos.

Acompanhar o crescimento deste grupo de amigos é talvez o mais gratificante de toda a dinâmica da série, juntando-se as inúmeras referências aos anos 80 e a caraterização de um universo paralelo tão bem conseguida que por vezes quase nos esquecemos que tudo não passa de mera ficção. A evolução da narrativa e da construção dos personagens não desilude de temporada para temporada (alguns puristas certamente defenderão a apologia de que as temporadas seguintes não foram tão boas quanto a primeira), e se por um lado não é tarefa fácil continuar a desenvolver uma série que vive tanto da dinâmica da tenra idade dos seus personagens e das histórias associadas a essas idades, por outro é interessante ver o crescimento destes personagens e acompanhar a sua evolução. Vamos ver se o continuarão a fazer da forma brilhante como têm feito até ao momento. 

Classificação (9,2):
 
Argumento - 9
Fotografia - 9
Representação - 8,5
Caraterização - 10
Banda Sonora - 9,5
 

Diário de um devorador de séries

 

      

     Primeiro post do blog. Bem sei que estar a começar um blog em 2021 é algo completamente fora de moda, para dizer o mínimo, mas o confinamento tem destas coisas. Parece-me que não devo ter sido o primeiro, e que nem serei o último. 

    Apesar de já não devorar séries com o mesmo grau de intensidade com que o fazia há uns anos, a verdade é que continuo a ser um viciado em séries, assim como em filmes, livros, etc. Como já estava para escrever sobre as séries que vejo, e uma vez que me tem dado para a escrita, fica aqui um bom pretexto para desligar um pouco de tudo o resto e comentar as séries que tenho visto atualmente e as que já ficaram muito lá para trás, mas que certamente será um ótimo pretexto para recordar e talvez (quem sabe) rever alguma.